fbpx
O cérebro e o Storytelling: potencializando o aprendizado

Publicado originalmente em: forbes.com

Há uma razão pela qual o “viveram felizes para sempre” é muito utilizado, desde comédias românticas a fábulas infantis. Os humanos adoram essa narrativa: a progressão dos eventos do início ao fim. Quando você percebe como as histórias são predominantes na forma como nos conectamos com a informação, torna-se impossível ignorar seus impacto. Aquele comercial que você descreveu ao seu colega de trabalho? História. A jornada de sua querida relíquia de família? História. As melhores experiências de aprendizado? São histórias bem contadas.

Você pode se distrair com um livro muito bom, mas há mais no storytelling do que apenas um ótimo enredo. Contar histórias tem sido uma das principais formas da humanidade de compartilhar informações ao longo da história. Seja ao redor da fogueira, pintada nas paredes das cavernas ou passadas de pai para filho, as histórias criam conexões emocionais que realmente facilitam a recuperação de informações e o armazenamento de memórias. As histórias podem provocar mudanças, entreter, alertar ou ensinar, porque a progressão da narrativa, personagens e cenário tornam mais fácil para nossos cérebros emparelhar informação com emoção. Você pode rir, chorar, se sentir ansioso ou com raiva, mas o resultado é o mesmo: experiências de aprendizado poderosas.

Por que os cérebros amam histórias

Quando você ouve ou vê uma história realmente convincente, seu cérebro presencia um fenômeno conhecido como “transporte narrativo”. É quando uma história envolve tantos dos seus sentidos que você quase pode ver, cheirar, ouvir e sentir o que a narrativa está descrevendo. Se você já esteve tão absorto em um filme ou livro onde mal percebeu o tempo passar, você experimentou o transporte narrativo. Esse envolvimento dos sentidos é exatamente o motivo pelo qual os cérebros amam tanto as histórias: elas causam reações reais e mensuráveis ​​nas conexões e na química do seu cérebro.

As duas partes do seu cérebro que se envolvem mais com as histórias são o córtex pré-frontal e a amígdala. O córtex pré-frontal é a área do cérebro responsável pela cognição e compreensão. À medida que você acompanha uma história, ela absorve a informação e a guarda na memória de curto prazo. A amígdala é responsável pela emoção e memória de longo prazo. À medida que seu córtex pré-frontal recebe informações, sua amígdala essencialmente “codifica” as informações com base na emoção que você sente, o que contribui para o processamento de memórias de longo prazo. Ambas as áreas do cérebro são essenciais para o aprendizado profundo e a recordação e podem ser alguns dos seus maiores aliados no processo de aprendizado.

Combinação de produtos químicos

Produtos químicos são liberados quando você vivencia uma história. Esta é uma combinação de três das principais substâncias químicas do cérebro que contribuem para sua conexão emocional com uma narrativa. Eles incluem:

• Dopamina. A dopamina é um neurotransmissor que ajuda a atribuir emoções positivas a tarefas ou ações. Uma descarga de dopamina ajuda você a sentir mais motivação e foco, como quando você ouve falar de um herói vencendo um inimigo (ou vê um aumento mensurável em sua produtividade no trabalho).

Ocitocina. Às vezes referida como a substância química do “amor”, a ocitocina pode te ajudar a sentir mais conexão com os outros, confiança e ligação emocional com uma história. Isso te leva à ação porque você sente compaixão ou empatia pelos indivíduos que a narrativa descreve (que pode até ser você).

Endorfina. Quer sentir relaxamento, felicidade e aumento da criatividade? As endorfinas são as substâncias químicas do cérebro que fazem você desejar se envolver com uma história. As endorfinas são liberadas quando uma narrativa é engraçada ou agradável e faz você querer agir com base nessas vibrações positivas.

Criando narrativas atraentes

Entender como seu cérebro reage às histórias é uma coisa. Mas colocar a narrativa em prática requer uma habilidade séria de contar histórias. Pense em alguém que você descreveria como um “bom contador de histórias”. Que qualidades acrescentam às suas narrativas? Uma boa história tem esses quatro componentes.

• Personagens reconhecíveis.

Os personagens podem ajudar a dar aos alunos uma dose rápida de ocitocina, desenvolvendo confiança e empatia. Naturalmente, procuramos personagens que sirvam como análogos de nós mesmos ao vivenciar narrativas. Por isso é importante usar descrições e imagens familiares e evitar personagens que possam parecer excludentes e causar uma desconexão entre o aluno e o conteúdo.

• Trama/jornada.

A Jornada do Herói é um artifício literário utilizado em quase todas as grandes histórias. É essencialmente um modelo para uma narrativa em que o personagem principal (o herói) progride por uma jornada com vários estágios que começa com um apelo à ação e termina com um retorno triunfante, com algumas aventuras ao longo do caminho. É uma das ferramentas mais eficazes em seu arsenal de contar histórias e que engloba todas as substâncias químicas do cérebro que citamos acima.

• Conexão emocional.

Cérebros naturalmente anseiam por conexão, e podemos perceber isso ao ouvir ou vivenciar uma história. Criar uma conexão emocional pode ser algo tão simples quanto mostrar um ponto de dor reconhecível, ter empatia com os alunos ou explicar como o treinamento pode beneficiar a vida dos alunos. Sem essa conexão significativa, mesmo as histórias interessantes podem não dar o salto da lembrança de curto prazo para a de longo prazo.

• Uma conclusão satisfatória.

Uma onda de endorfina geralmente é a melhor recompensa no final de qualquer história, e essa recompensa é o resultado de uma conclusão satisfatória. É quando o herói finalmente chega ao destino, encontra o tesouro e aprende o significado de tudo isso. Ao criar narrativas, certifique-se de que a recompensa valha a jornada que levou para chegar lá. A culminação de esforço e engajamento em um final adequado – é aí que a mágica acontece.

As chances são de que seu treinamento já conte uma história; os personagens, jornada e conexões só precisam ser definidos. Ao seguir a narrativa natural do início ao fim, você pode envolver o cérebro dos alunos em um nível totalmente novo. Simplificando, contar histórias é uma das melhores maneiras de transformar seus alunos em heróis e colocar seu treinamento no caminho para um final mais feliz.

Fonte: forbes.com


Você se interessa pela neuroeducação e deseja saber mais sobre o tema? Conheça o curso Neurociência Aplicada à Educação 2.0!