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Ergonomia do Ambiente de Trabalho

A ergonomia baseada na neuroarquitetura procura criar ambientes de trabalho que promovam o bem-estar dos trabalhadores, considerando não apenas aspectos físicos como o design de objetos e móveis, mas também aspectos psicológicos e emocionais. Nessa perspectiva, o design dos espaços se torna um elemento crucial para a promoção da ergonomia e do bem-estar no ambiente de trabalho. Ao considerar os princípios da neuroarquitetura, é possível criar ambientes que são confortáveis, seguros e saudáveis, ao mesmo tempo que são esteticamente agradáveis e inspiradores.

No texto de hoje, exploraremos como a ergonomia baseada na neuroarquitetura pode ser aplicada em diferentes áreas, como na medicina, na recuperação dos pacientes, nos ambientes corporativos e no design dos objetos. Destacamos ainda as conexões entre essas áreas e como elas se relacionam com a centralidade do ser humano na ótica do design dos espaços.

A centralidade do ser humano

A neuroarquitetura é uma área que busca entender como o ambiente físico pode afetar a saúde, o bem-estar e a produtividade das pessoas. Ela se baseia em princípios da neurociência para explorar como o cérebro humano processa e reage ao ambiente ao redor, colocando o ser humano e sua experiência no centro do design dos espaços.

Em nosso artigo “Percepção da arte e do design na arquitetura” trouxemos a neuroarquitetura como meio de utilizar para criar ambientes que são mais agradáveis e inspiradores para as pessoas. Isso pode ser alcançado por meio da escolha cuidadosa de cores, formas e texturas que promovem emoções positivas. Por exemplo, cores quentes como vermelho e laranja podem aumentar a sensação de energia e excitação, enquanto cores frias como azul e verde podem promover a sensação de tranquilidade e relaxamento.

Ainda, trouxemos no texto “O futuro dos espaços sob uma ótica neurocientífica” um destaque para a importância de projetar espaços que são adaptáveis às necessidades das pessoas. Isso significa que o design dos espaços deve levar em conta as diferentes atividades que as pessoas realizam em um determinado ambiente e oferecer opções para que elas possam escolher o que funciona melhor para elas. Por exemplo, em um ambiente de trabalho, é importante que haja espaços para colaboração, mas também espaços para concentração individual. O design dos espaços deve permitir que as pessoas se movam livremente e escolham o espaço que melhor atende às suas necessidades no momento.

A ergonomia e a neuroarquitetura

A ergonomia no ambiente de trabalho é uma das áreas que se beneficiam significativamente da neuroarquitetura ao considerar o design do espaço e dos objetos. Um dos aspectos importantes que a neuroarquitetura traz para a ergonomia é a consideração das emoções do indivíduo em relação ao ambiente. O artigo “Emotion and interior space design: an ergonomic perspective” menciona que as emoções dos trabalhadores podem ser afetadas positiva ou negativamente pelo design do ambiente em que trabalham.

Ao projetar espaços e objetos que consideram os princípios da neuroarquitetura, é possível criar um ambiente de trabalho que promova emoções positivas, como satisfação e motivação, além de aumentar a produtividade e reduzir o estresse dos trabalhadores. Por exemplo, o design de móveis ergonômicos e o uso de iluminação adequada podem influenciar diretamente a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tornando-os mais confortáveis e reduzindo a fadiga muscular e visual.

Além disso, ao considerar as emoções dos trabalhadores em relação ao ambiente, é possível criar um espaço de trabalho que estimula a criatividade e a inovação. Através de aspectos específicos do campo perceptual, é possível criar uma atmosfera que inspire e promova a criatividade, ajudando os trabalhadores a se sentirem mais à vontade e relaxados.

Objetos ergonômicos e boas práticas

Podemos ainda destacar a importância da ergonomia dos objetos em relação à escolha de equipamentos e ferramentas que sejam confortáveis e seguros para o uso.  No estudo “Future of Operating Rooms“, os autores apontam a necessidade de aprimorar o design e a funcionalidade das salas de operação para melhorar a segurança e a eficiência dos procedimentos cirúrgicos. Isso inclui desde a disposição dos equipamentos até a ergonomia dos móveis e ferramentas utilizados pelos profissionais de saúde.

Já o artigo “The effectiveness of a chair intervention in the workplace to reduce musculoskeletal symptoms: a systematic review” destaca a importância da escolha adequada de cadeiras para prevenir ou reduzir sintomas musculoesqueléticos em trabalhadores de escritório. O estudo avaliou a eficácia de intervenções com cadeiras ergonômicas em diversos ambientes de trabalho e concluiu que a escolha adequada e o uso correto de cadeiras podem trazer benefícios significativos para a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.

Ambos os artigos mostram que a ergonomia dos objetos é fundamental no planjejamento da neuroarquitetura para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores em diferentes ambientes de trabalho, incluindo salas de operação e escritórios. A escolha adequada de equipamentos, ferramentas e mobiliário pode contribuir para prevenir ou reduzir problemas de saúde relacionados ao trabalho, além de melhorar a eficiência e o desempenho dos profissionais em suas atividades diárias.

Neuroarquitetura no trabalho de médicos e enfermeiros

A neuroarquitetura pode ser um campo fundamental para o estudo dos espaços de trabalho de médicos e enfermeiros, uma vez que o design dos espaços, incluindo sua iluminação, acústica, layout e ergonomia, pode ter um impacto significativo na qualidade do atendimento aos pacientes, na redução do estresse dos profissionais e na prevenção de erros médicos.

De acordo com o artigo “Evidence Based Hospital Design: A literature review of the recent publications about the EBD impact of built environment on hospital occupants’ and organizational outcomes“, os conhecimentos da neurociência podem ajudar a criar espaços que promovam a recuperação dos pacientes e melhorem o bem-estar dos profissionais de saúde. O artigo ainda destaca a importância de uma abordagem baseada em evidências na concepção de hospitais e outras instalações de saúde, e apresenta estudos que indicam que ambientes mais agradáveis e confortáveis podem levar a resultados positivos, como menor tempo de internação e menor uso de medicamentos.

Além disso, a ergonomia dos espaços de trabalho de médicos e enfermeiros também é um aspecto importante a ser considerado. Segundo o artigo “Ergonomics in healthcare facility design, part 1: patient care areas“, a ergonomia pode ajudar a prevenir lesões relacionadas ao trabalho, reduzir o absenteísmo e melhorar a produtividade, destacando ainda a importância de se pensar no design dos espaços para que os profissionais de saúde possam realizar suas atividades com conforto e segurança.

O espaço na recuperação de pacientes

Outra área que se beneficia da neuroarquitetura é a recuperação de pacientes e o seu bem-estar. O conhecimento derivado da neurociência ajuda a entender como a estética e o design podem influenciar a saúde mental e física dos pacientes. Estudos têm demonstrado que a exposição a espaços bem projetados e esteticamente agradáveis pode reduzir o estresse, a dor e até mesmo a ansiedade.

Para isso, o artigo “Neuroesthetics and healthcare design” explora como a arte e o design podem ser utilizados em ambientes de saúde para melhorar a recuperação dos pacientes e reduzir o estresse. O estudo argumenta que pode-se projetar os ambientes de saúde para serem acolhedores, reconfortantes e relaxantes, com a inclusão de elementos naturais, como plantas e luz natural, e a utilização de cores suaves e iluminação adequada.

Já o artigo “Designing to heal” examina como o design de ambientes de saúde pode afetar a recuperação do paciente. A pesquisa destaca a importância de elementos como a privacidade, a segurança e a acessibilidade para garantir que os pacientes se sintam confortáveis e seguros. Além disso, este estudo também aponta que a inclusão de elementos de natureza, como paisagens naturais e jardins, podem ajudar a melhorar o humor e o bem-estar dos pacientes.

Os espaços de terapia também podem ser influenciados pela estética. O estudo “Aesthetics and the psychotherapist’s office” mostra que a estética do ambiente pode afetar a eficácia da terapia, pois elementos como a iluminação, a cor, a textura e a disposição dos objetos são importantes para criar um ambiente acolhedor.

Neuroarquitetura no ambiente de trabalho

Podemos aplicar a neuroarquitetura também no ambiente corporativo, pois é possível utilizar o conhecimento sobre como o espaço afeta a cognição, a emoção e o comportamento humano para projetar espaços que promovam a produtividade dos funcionários. Um estudo publicado em 2018, intitulado “Office design and health: a systematic review“, reuniu evidências sobre os efeitos do design do espaço de trabalho na saúde dos funcionários. Os resultados mostraram que um bom design do ambiente pode reduzir o estresse e aumentar a satisfação e o engajamento dos funcionários, além de melhorar a qualidade do ar, a iluminação e a ergonomia dos móveis. Portanto, o uso da neuroarquitetura no ambiente corporativo pode ser uma ferramenta valiosa para promover o bem-estar dos funcionários e aumentar a eficiência e a produtividade das empresas.

O design do open plan office

Um exemplo disso é o open plan office, que tem sido amplamente adotado nas últimas décadas. Essa configuração, que remove paredes e portas para criar um espaço de trabalho compartilhado, pode promover interação e colaboração entre colegas, o que pode ser benéfico para a inovação e criatividade.

O estudo “Open plan office space? If you’re going to do it, do it right: A fourteen-month longitudinal case study“, sugere que o design adequado do espaço de escritório de plano aberto pode ser benéfico, desde que seja cuidadosamente planejado para atender às necessidades dos funcionários. Outro estudo, intitulado “The work environment pilot: An experiment to determine the optimal office design for a technology company“, mostrou que, ao aplicar a neuroarquitetura, uma empresa de tecnologia conseguiu reduzir o estresse dos funcionários, aumentar a criatividade e melhorar a colaboração. Esses estudos indicam que o design do espaço de trabalho pode ser uma ferramenta valiosa para promover o bem-estar e a produtividade no ambiente corporativo, e que a neuroarquitetura pode ser uma abordagem eficaz para aprimorar esse design.

No entanto, o open plan office também apresenta desafios para a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, como o aumento do ruído, interrupções frequentes e falta de privacidade. Além disso, o design pode ser inadequado para algumas tarefas que exigem mais concentração e privacidade, como a realização de tarefas complexas ou conversas telefônicas importantes.

Por que estudar neuroarquitetura?

Com base em diversos estudos, vimos como a ergonomia dos objetos pode garantir que equipamentos e ferramentas sejam confortáveis e seguros para o uso. Além disso, o conhecimento derivado da neuroarquitetura também pode beneficiar na recuperação de pacientes e no seu bem-estar, auxiliando na mitigação do estresse através da estética e do design.

É importante ressaltar que para quem deseja tornar o espaço mais acolhedor e centrado na experiência humana, um curso de neuroarquitetura é fundamental. Através dele, é possível compreender os princípios da neurociência e da arquitetura e aplicá-los de maneira prática em projetos de design de interiores e arquitetura. Assim, podemos criar ambientes mais saudáveis, acolhedores e produtivos para todos.

Texto em parceria com Jéssica Carbone.

Conheça o curso de Neuroarquitetura do Instituto Conectomus, ministrado pela professora referência Jéssica Carbone!