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O que é memória?

Memória é o processo de codificação, armazenamento e recuperação de experiências e conhecimento. E ela é ainda mais importante do que você imagina.

A memória é imprescindível para o ser humano. É o que nos faz ser quem somos. Algumas lembranças são de fácil acesso: o café que você tomou com um amigo, aquela época em que você era criança e o cachorro do vizinho te assustava, saber que as aranhas têm oito patas, e se lembrar do fato indiscutível de que o cérebro é incrível! Essas são conhecidas como memórias explícitas, aquelas que podemos lembrar conscientemente.

Mas também existem memórias implícitas , que podem ter um papel ainda mais importante. Por exemplo, quando você fala, você está usando memórias procedurais para mover seus lábios e língua de uma forma que reproduz os sons que você aprendeu. Quando você caminha, está usando memórias motoras para coordenar sua marcha. 

A memória é o que nos torna humanos

Se não tivéssemos memórias, seríamos apenas um corpo, incapazes de nos comunicar ou identificar o perigo e, assim como um bebê recém-nascido,  sem saber como sobreviver no mundo ao nosso redor. 

Concluindo, a memória é crucial para nos transformar de recém-nascidos indefesos em adultos capazes.

Como as memórias são formadas?

O cérebro fervilha de atividade. Diferentes grupos de neurônios (células nervosas que transmitem as informações para o cérebro), responsáveis ​​por diferentes pensamentos ou percepções, entram e saem de ação. 

A memória é a reativação de um grupo específico de neurônios, formado a partir de mudanças persistentes na força das conexões entre os neurônios. Mas o que permite que uma combinação específica de neurônios seja reativada em relação a qualquer outra combinação de neurônios? 

A resposta é: plasticidade sináptica

Este termo descreve as mudanças persistentes na força das conexões, que são chamadas de sinapses, entre as células cerebrais. Essas conexões podem ser mais fortes ou mais fracas, dependendo de quando e com que frequência foram ativadas no passado. As conexões ativas ficam mais fortes, enquanto as que não são usadas ficam mais fracas e podem desaparecer por completo.

Uma conexão entre dois neurônios se torna mais forte quando o neurônio A ativa consistentemente o neurônio B, fazendo-o disparar um  potencial de ação  (pico). A conexão também pode ficar mais fraca se o neurônio A falhar em fazer o neurônio B disparar um pico. Aumentos e diminuições duradouras na força sináptica são chamados de potenciação de longo prazo (LTP , do inglês long term potentiation) e depressão de longo prazo (LTD, do inglês long term depression).

Alterar a força das sinapses existentes, ou mesmo adicionar novas ou remover as antigas, é fundamental para a formação da memória.

O que é Neurogênese?

Mas também há evidências de que outro tipo de plasticidade, não envolvendo diretamente as sinapses, pode ser importante para a formação da memória. 

Em algumas partes do cérebro adulto, mais especificamente no hipocampo, que é uma importante estrutura relacionada à memória, novos neurônios podem ser criados em um processo chamado neurogênese .

Estudos em ratos mais velhos mostraram que, ao aumentar a neurogênese no hipocampo, a memória melhora. Em humanos, eles demonstraram que os exercícios aumentam o volume do hipocampo, sugerindo que novos neurônios estariam sendo criados, e ao mesmo tempo melhora o desempenho em tarefas de memória. 

Diferentes conjuntos de neurônios para diferentes memórias

As memórias ocorrem quando grupos específicos de neurônios são reativados. No cérebro, qualquer estímulo resulta em um padrão específico de atividade neuronal: certos neurônios tornam-se ativos em mais ou menos uma sequência específica. 

Se você pensar em seu gato, ou em sua casa, ou em seu bolo de quinto aniversário, diferentes conjuntos de neurônios são ativados. A teoria é que o fortalecimento ou o enfraquecimento das sinapses tornam a ocorrência de padrões específicos de atividade neuronal mais ou menos provável.

Aos cinco anos de idade, se alguém te falasse a palavra “casa”, você poderia imaginar o desenho de uma casa. Como adulto, ao ouvir a mesma palavra, você pode muito bem imaginar sua própria casa, uma resposta diferente para a mesma entrada. 

Isso ocorre porque sua experiência e memórias mudaram as conexões entre os neurônios, tornando o antigo conjunto de ‘casa’ menos provável de ocorrer do que o novo conjunto de ‘casa’. 

Em outras palavras, relembrar uma memória envolve a reativação de um determinado grupo de neurônios. A ideia é que, ao alterar previamente as forças de conexões sinápticas específicas, a plasticidade sináptica torna isso possível.

A memória humana é um processo complexo que os pesquisadores ainda estão tentando entender melhor. Nossas memórias nos tornam quem somos, mas o processo não é perfeito. Embora sejamos capazes de lembrar uma quantidade surpreendente de informações, também somos suscetíveis a erros.

Fontes:
qbi.uq.edu.au/brain-basics/memory
qbi.uq.edu.au/brain-basics/memory/how-are-memories-formed