Neurociência. Este é um tema que desperta interesse em grande parte da sociedade. De pesquisadores, professores, entusiastas a amantes deste campo da ciência, todos já se depararam com a pergunta: afinal, o que é neurociência? Uma pergunta feita no início de cada trajetória de enlace com a área, e que nunca é respondida em sua totalidade: assim como o conhecimento, a neurociência está em constante evolução e expansão. Aqui, tentaremos exprimir de forma concisa o que ela é, com um breve histórico, o que a compreende e perspectivas de futuro.

Se você é um neurocientista, com certeza já te perguntaram: Com o que você trabalha? É medicina? O que você faz? O que é neurociência? Perguntas essas que poucas vezes são seguidas de respostas breves e lacônicas. Portanto, explicar o que é neurociência com certeza não é uma tarefa fácil, pois diferentemente de outras áreas, sua definição engloba uma contradição lógica: é singular e plural ao mesmo tempo. Vamos entender o porquê.

A neurociência segundo grandes nomes

Os autores do livro “Fundamental Neuroscience” definem neurociência como a “a coleção de ciências multidisciplinares que analisam o sistema nervoso para entender as bases biológicas do comportamento”, para o qual complementam que o termo foi cunhado para sinalizar uma nova era na qual elas cooperariam entre si. É uma das áreas da ciência que mais crescem, sendo referida como “a última fronteira da biologia”

Outros autores caracterizam a neurociência no plural, como diversos campos de estudo. O brasileiro Roberto Lent, em seu livro “Cem Bilhões de Neurônios”, a classifica em 5 grandes disciplinas neurocientíficas: molecular, celular, sistêmica, comportamental e cognitiva. Entretanto, destaca também o crescente interesse de outros profissionais no campo, como engenheiros e a relação com a bioinformática e redes de simulação neural. Dessa maneira, aponta para a interação multidisciplinar que ocorre na neurociência, pela exigência de múltiplas abordagens. Entretanto, falta uma abordagem interdisciplinar unificadora que classifica como neurociência no singular.

Já em sua edição do livro Neurociência, Purves aponta que o campo, assim como qualquer outro grande desafio, deve ser e é cheia de debates, “dissension” e consideravelmente FUN. Ainda ressalta que o maior desafio de um estudante é integrar o conhecimento diverso derivado de vários níveis de análise em um entendimento mais ou menos coerente sobre a estrutura e função do cérebro.

Para finalizar, Eric Kandel, um dos maiores nomes do campo atualmente e Nobel em medicina pelos seus trabalhos na área, define que o atual desafio para a unificação dentro da biologia é unir o estudo do comportamento (ciência da mente) com as neurociências (ciência do encéfalo). É tarefa das neurociências explicar o comportamento em termos de atividade encefálica.

A neurociência geralmente é guiada pela curiosidade pura, e ao contrário de outras áreas, é rica em possíveis aplicações. Exploraremos essa temática no texto “Neurociência Aplicada“!