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Um modelo caro e discutível

A neurociência e suas aplicações para gestão de pessoas tem um tema preferido, um conceito hiperexplorado: a neuroplasticidade. Este conceito nos revela um achado fundamental para a compreensão de como o sistema nervoso funciona e sua forma de aprender e se modificar pela experiência e pelo treinamento.

O aconselhamento que a andragogia nos dá para explorar esta plasticidade ao máximo é usar uma proporção de 70/20/10 entre aprendizado na prática, feedbacks e orientações obtidas em processos de mentoring ou coaching e treinamentos formais, respectivamente.

O fato é que a forma como nosso cérebro recebe e processa as informações faz com que ele seja bem mais suscetível a produzir mudanças a partir dos processos onde ele aprende “fazendo” justamente porque nestes casos ele pode experimentar, errar e treinar.

E se ele puder também trocar experiências com profissionais mais experientes e treinados para dar estas orientações, o aprendizado na prática fica ainda mais poderoso. Os circuitos neuronais reagem bastante a esse tipo de estímulo, especialmente porque há imensa relevância e valência emocionais contidas nestas estratégias.

Mas o grande problema desta rica equação ‘faço/avalio/aprendo/aplico” são os custos altíssimos sem qualquer garantia de que aqueles profissionais formados em extensos e onerosos programas de desenvolvimento permanecerão na empresa.

E o que há de errado com os treinamentos formais, em salas de aula ou ambientes virtuais, que tem custos muito mais atraentes e são bem mais fáceis de serem escalonados? Devem representar apenas 10% das estratégias de desenvolvimento de potencial humano?

A principal razão para que estas estratégias estejam desacreditadas é justamente o pequeno engajamento que conseguimos através destas abordagens. E a neuroplasticidade tem tudo a ver com isso.

Nosso cérebro reage muito fracamente diante de estímulos que não trazem relação direta com os desafios que precisam ser enfrentados.

Para que ele realmente seja capaz de mudar seus circuitos e gerar resultados diferentes daqueles que eram gerados antes (processo de aprendizagem), é necessário que os erros ocupem lugar de destaque.

Um conhecimento sobre o cérebro que é pouco difundido por ser muito pouco compreendido é a plasticidade neuronal que ocorre no cerebelo. O pequeno cérebro tem um poder enorme em automatizar comportamentos com base na detecção e apreciação dos erros.

Por esta razão, as estratégias de simulação (sim-based learning) situam-se no meio do caminho entre o treinamento formal e o aprendizado baseado na prática cotidiana. E para o cérebro há pouca diferença entre uma vivência simulada e uma situação real, especialmente quando estivermos lidando com as novas gerações que aprenderam a viver em ambientes virtualizados.

Assim, a melhor notícia que a descoberta da neuroplasticidade pode gerar é que as estratégias de grande escala e custo relativamente menor só precisam estar mais afinadas com o que se conhece de mais moderno na neurociência do aprendizado.

Em tempos de crise, é hora de repensar isso!

O curso Neurociência Aplicada à Educação de Adultos se propõe a explorar os achados recentes de Neurociência que sustentam os princípios de educação de adultos, a Andragogia, de modo a transformar as práticas vigentes nos processos educacionais voltados para essa população.

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