Pesquisas em Neurociência ganham Nobel de Medicina
O Prêmio Nobel de Medicina de 2014 será dividido entre o americano-britânico John O’Keefe e o casal norueguês Moser. May-Britt Moser é a 11a mulher a receber o prêmio Nobel entre mais de 200 pesquisadores que já foram laureados. Edvard Moser foi aluno de O´Keefe que é famoso por ser um exímio jogador de basquete e quase ter trocado a ciência pela NBA.
O mais que merecido prêmio evidencia a importância da descoberta de que, em cérebro de ratos, determinados neurônios estão diretamente relacionados com a capacidade destes animais de se localizarem precisamente no espaço. Os ratos de laboratório e suas incríveis façanhas em tarefas que envolvem memórias espaciais (os famosos labirintos) nos servem de um modelo experimental muito importante para pesquisarmos o desenvolvimento de doenças como o mal de Alzheimer e o estudo sobre as perspectivas de tratamento. Estes neurônios conhecidos como “place cells” (células de lugar) e “grid cells” (células de coordenadas) funcionam como um verdadeiro GPS interno. Geralmente são essas células que são afetadas no início da doença que começa atingindo o hipocampo e o córtex entorrinal, lugar onde estes neurônios foram descritos.
Os sintomas que caracterizam as primeiras queixas de pacientes dizem respeito a crescentes dificuldades em localização espacial. A informação de “onde estou” pode ser perdida e dificultar a orientação do indivíduo. Esse tipo de memória de curto prazo precisa ser atualizada com muita frequência. Assim, saber onde você está neste momento, significa você ter registrado em seus circuitos neuronais quais foram as ativações feitas para você chegar até este lugar. E você saber ir daí de onde você está de volta pra casa depende muito disso tudo.
Mas a natureza destes achados é ainda mais impressionante quando pensamos que estes foram os primeiros resultados que fizeram uma relação direta entre o processamento celular com processos cognitivos. Depois disso, a neurociência debruçou-se em analisar a atividade neuronal e procurar correlacionar esta atividade com processamentos cognitivos, sensoriais e motores.
Fica a dica: se você tem uma pessoa idosa próxima a você, tome hoje mesmo a providência de anotar o endereço e colocar esta anotação na bolsa ou carteira dela. Isso pode garantir que o seu adorado velhinho volte sempre pra casa.