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Pequena história de um grande hormônio

Você pode não saber, mas o seu corpo sabe sobre a importância de um hormônio que é produzido pelo pâncreas desde as primeiras semanas de vida,  a insulina. 

No início dos anos vinte, os cientistas canadenses Frederick Banting, Charles Best e James Collip da Universidade de Toronto, superaram desafios metodológicos e isolaram uma secreção, ainda desconhecida, produzida pelas células pancreáticas. Nesta secreção havia  um produto capaz de controlar a concentração de glicose no sangue e na urina. Havia um hormônio vital, a insulina. Esta descoberta revolucionou o conhecimento sobre uma das doenças mais antigas que se tem relato na história da medicina, o Diabetes. 

Visto à luz do progresso científico do século XXI isto pode parecer apenas um fato histórico, mas este feito foi tão relevante que concedeu aos pesquisadores o prêmio Nobel de medicina em 1923, mudou a expectativa de morte que pairava sobre o indivíduo diabético para a possibilidade de viver com o diabetes.  A descoberta da insulina revolucionou a terapêutica do diabetes e trouxe a possibilidade de controle desta doença que acomete mais de 16 milhões de brasileiros.  

Mas afinal, por que este hormônio é tão importante? Esta não é uma resposta simples, mas vale a pena conhecer. 

Após uma refeição, a insulina atua na formação de estoques metabólicos que garantem a oferta de energia; isto é especialmente importante para ultrapassar os períodos de jejum, como acontece no período de sono. Sem as reservas acumuladas em tecidos especializados, realizar atividades rotineiras como trabalhar, estudar ou lazer tornam-se limitados, e processos fisiológicos como desenvolvimento gestacional e crescimento em estatura, comprometidos. 

Além da produção dos estoques de potencial energético, a insulina interfere profundamente com o metabolismo de vários compostos, regula a concentração de glicose no sangue, a produção de energia a partir desta, a síntese de proteínas e o metabolismo das gorduras. Na sua ausência,  o fluxo de armazenamento se inverte, há um consumo dos estoques e, se esta situação não for revertida, o organismo evolui para falência.

Este é o risco que o diabético apresenta. No diabetes tipo I, de natureza autoimune e menos comum, o indivíduo depende da reposição diária de insulina para alcançar o controle metabólico e glicêmico; no diabetes tipo 2,  o tipo mais prevalente, que representa 95% dos casos de diabetes, a insulina está presente em concentração reduzida e/ou há uma diminuição da sua funcionalidade, mas não da sua importância. Vários sintomas são observáveis no indivíduo diabético, desde sede excessiva, fome não usual e intensa, alteração no peso e na composição corporal, além  de diurese elevada. 

Atualmente, o diabetes exibe um status epidêmico e é um grande desafio de saúde. Os maus hábitos alimentares, o sedentarismo e a obesidade estão entre os fatores responsáveis por projetar o Brasil entre os países com maior número de diabéticos. Não há nada de positivo neste fato, na verdade isto é desolador. 

A mudança deste cenário envolve o desenvolvimento de estratégias de políticas públicas nas esferas maiores e, no campo individual, perpassa o conhecimento sobre os riscos de saúde e qualidade de vida que o diabetes representa. Contempla a tomada de decisão, ainda enquanto jovem, de envelhecer com saúde e vigor, sem as limitações que as complicações crônicas do diabetes trazem. 

É necessário assumir o protagonismo para não cair na armadilha deste viés de saúde. O autocuidado responsável, escolhas saudáveis e conscientes, tanto no cotidiano como ao longo da vida, são os melhores aliados para garantir a presença e  funcionamento da insulina. Este é um hormônio sensacional que minuto a minuto se faz necessário à saúde e ao bem estar.