As emoções devem ir para o trabalho
Desde que Goleman escreveu seu bestseller Inteligência Emocional (IE) em 1985, esse conceito, explorado por Darwin na Teoria da Evolução das Espécies, tornou-se uma espécie de fala obrigatória para quem trabalha com desenvolvimento humano.
Qual a definição de Inteligência Emocional?
Goleman definiu a IE como “a capacidade de identificar as nossas próprias emoções e as dos outros, de nos motivarmos, e de gerirmos bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”. E por causa disso, autocontrole, empatia, resiliência, sensibilidade social e outros afins tornaram-se fala comum em palestras, treinamentos e dinâmicas.
Passou a ser muito importante capacitar pessoas para que elas pudessem melhorar suas competências comportamentais com base no aprimoramento da IE. No entanto, é importante dizer que o termo IE ainda carece de ser mais amplamente discutido antes de ser aceito sem questionamento, já que inteligência pressupõe algo estável e independente de dogmas sociais e culturais.
Mas a principal razão para trazer o tema emoção à tona é outra. E essa nasce da tradução encontrada no livro do Goleman para a definição de inteligência emocional.
Na edição que possuo, o tradutor sentiu-se bem liberto para trocar o termo emoção por sentimento. Emoção e sentimento são sinônimos para você também? Ou você até acha que são diferentes, mas não sabe como.
Qual a diferença entre emoção e sentimento?
E se eu te dizer que a emoção é um comportamento? Que é uma forma de reação? Que, antes de mais nada, é no nosso corpo que sentimos emoção. É uma angústia no peito, ou um coração batendo na garganta ou até mesmo um frio desagradável na barriga. Pode também vir na forma de borboletas no estômago ou uma náusea sem explicação.
Isso é emoção. É o jeito que reagimos ao que acontece. Ou ao que não acontece. E o sentimento? E como interpretamos nossas emoções. Dizemos que estamos tristes porque nos sentimos tristes.
E possuir inteligência emocional não tem nada a ver com saber que estou triste. Isso é fácil. Uma criança sabe que está triste. A capacidade que precisamos desenvolver é justamente aquela que nos permite saber o que nos provoca tristeza.
A inteligência emocional só pode ser desenvolvida se pudermos investigar detalhadamente nossas emoções.
Não adianta dizer a alguém que ele precisa ser mais empático se não há desenvolvimento do conceito de como as emoções se manifestam. Por exemplo, saber sobre microexpressões faciais é importante para ampliar nossa inteligência emocional. Você pode assistir toda a série “Lie to Me” inspirada no trabalho de Paul Ekman e se informar a respeito.
Mas a verdadeira inteligência emocional será ampliada se você aprender porque não é possível evitar uma microexpressão. Só investigando o funcionamento cerebral e a forma como ele reage aos eventos do nosso cotidiano é que as informações necessárias para essa análise ficarão disponíveis.
Essa é uma das razões que encontro para defender que a neurociência é uma ferramenta indispensável para o autoconhecimento, o pilar essencial da inteligência emocional e que há lugar cativo para suas emoções no seu trabalho.